29 julho 2006

Estou aqui!

Amigos

Estou aqui!

Geraldo dos Santos

Bonjour

Madame, messieurs, vous êtes tous là?

Joseph Poisson

Lobolo


Sónia

Bom apetite, depois falarei sobre o lobolo, o Sr. Poisson fez uma pergunta sobre isso. Ponho aqui um belo quadro do Malangatana para dar o nosso belo gosto africano...

Félix

Já regresso

Félix

Liguei-te pelo celular mas parece-me que accionaste a secretária electrónica... Deixa-me almoçar, já regresso.
Beijinhos

Sónia

P.S. Onde páram os senhores Geraldo e Poisson????

Estou aqui!

Pelo menos eu estou aqui, conferia os meus emails e verifiquei que estavas em linha.

Félix

Psiu...

Psiu....Vocês, seus preguiçosos, estão online?

Sónia

12 julho 2006

Madame Ribeiro

Madame Ribeiro

Écoutez, eu tenho andado vraiment ocupado, mes excuses donc!
Eu hei-de répondre à Mr.Gorane, melhor dito, eu hei-de poursuivre a minha resposta para ele.
Mas ó madame Ribeiro, diga lá o que é o lobolo. Eu julgo saber que é um acordo entre famílias para que vocês, esposas e esposos, assegurem o casamento e não se matem. Estou enganado? Com tantos problemas que vocês enfrentam e provocam sacrebleu, não é sempre melhor nadarem nas queridas tradições e terem muitos filhinhos obedientes, hã?
Bien à vous.

Joseph Poisson

Amigos!

Amigos!

De facto, o amigo Poisson anda calado, como calado anda o amigo Gorane.
Cordialmente.

Geraldo dos Santos

Para o Félix

Félix

Estou sem resposta tua...
Cumprimentos zambezianos.

Sónia Ribeiro

P.S. O que é feito do Sr. Joseph Poisson?

06 julho 2006

Mestiçagem

Meus jovens Sónia e Gorane

É sempre gratificante voltar ao vosso seio.
Sou misto, como sabeis, filho único de uma bela mãe ronga das bandas de Catuane e de um pai português que tinha uma cantina para os lados de Nicoadala, na Zambézia.
Da minha mãe ronga recebi uma bela e variada cultura, de muitos contactos e famílias, dela herdei a crença nos espíritos e a veneração por eles.
Do meu pai recebi também uma bela e variada cultura, mas mais individualista, dele tenho o respeito e a veneração pelo deus católico.
Por outras palavras, a minha condição racial de misto tem agregada a minha condição cultural de ser híbrido, de reservatório de várias culturas. Costuma-se dizer que os mistos não são nem café nem leite, mas eu sinto-me profundamente café-leite ou café e leite ao mesmo tempo.
O que pretendo com tão longa introdução?
O que pretendo é chamar a vossa atenção para o risco de querermos dar uma natureza absoluta a estados como “africano”, “europeu”, "direito negro", etc.
De facto, se quisermos ser justos e abertos e evitarmos a redução sempre cheia de riscos do naturalismo, poderemos verificar que toda a história africana é uma história de profundas mestiçagens, uma avenida cheia de caminhos vicinais que a ela chegam e dela saem, um sistema de diástole e sístole permanentes. Todos os modernos estudos antropológicos e históricos confirmam isso.
Cumprimento-vos carinhosamente.

Geraldo dos Santos

Temos de mudar muitas coisas

Caro Félix

Que bom, parece que vocês estão online...Faz tempo que não nos falamos.
Olha, Félix, acabei mesmo agora de ler a tua intervenção.
Vou escrever rapidamente algumas linhas a propósito .
Devo dizer-te que estou de acordo contigo em várias coisas, como tu defendo que existe uma maneira africana de ver as coisas.
Claro que essa maneira tem evoluído, tem sofrido transformações, como tudo, afinal, na vida.
Todavia eu sinto que a nossa cultura africana, que é especialmente uma cultura masculina, androcêntrica, precisa de sofrer ainda mais modificações, algumas bem radicais.
Existem coisas horríveis na nossa cultura, coisas que ferem profundamente as outras, tantas coisas boas, generosas, da nossa vida.
É inconcebível, por exemplo, que hoje ainda atribuamos às mulheres idosas as causas dos problemas sociais e as matemos; é inconcebível que mutilemos as nossas jovens com a justificação absurda de que esses são os nossos costumes, de que essas são as nossas crenças (é criminoso os nossos governos calarem-se sobre isso); é inconcebível que nós, mulheres, tenhamos de ser meras peças de reprodução nos lares poligâmicos; é inconcebível que, como acontece no sul do nosso país, o chamado lobolo, que devia ser um elo de ligação das famílias e dos casais, se tenha transformado tão despudoradamente numa maneira de acumular riqueza, riqueza que, claro, é sempre gerida pelos homens; é ainda inconcebível que tantas crianças tenham de começar a trabalhar tão cedo, impedidas de irem às escolas, vê tu quantas meninas não andam o dia inteiro com irmãos mais jovens nas costas por esse país fora.
Temos de saber discutir tudo isso, sem medo, de frente. Discutir e mudar.
Uma cultura só é nobre quando permite que discutamos e eliminemos os seus aspectos negativos, não achas?
Um abraço a partir daqui, do nosso Zambeze.

Sónia Ribeiro

Franchement, Mr. Gorane!

Mon cher Félix Gorane

Mon Dieu, com que plaisir acabei de ler a sua filosofia bien cabotina!
O senhor acha sacrebleu! que os Africanos nunca mudam, são como naturezas impenetráveis e distintas, mais humanas do que quaisquer outras humanidades.
Parbleu!, é o seu eterno efeito de Halo, mon cher, maquiavélico, tenaz.
O seu estilo já me é foncièrement conhecido.
Quem lhe disse, ó Mr. Félix Gorane, que os povos são tão distintos assim? Quem lhe disse que nós, seja quem for, esquece os seus espíritos, a vida após la mort?
Voltarei depois que tiver resolvido algumas choses aqui no meu laboratório.
À tout à l’ heure.
Bien à vous.

Joseph Poisson