Temos de mudar muitas coisas
Caro Félix
Que bom, parece que vocês estão online...Faz tempo que não nos falamos.
Olha, Félix, acabei mesmo agora de ler a tua intervenção.
Vou escrever rapidamente algumas linhas a propósito .
Devo dizer-te que estou de acordo contigo em várias coisas, como tu defendo que existe uma maneira africana de ver as coisas.
Claro que essa maneira tem evoluído, tem sofrido transformações, como tudo, afinal, na vida.
Todavia eu sinto que a nossa cultura africana, que é especialmente uma cultura masculina, androcêntrica, precisa de sofrer ainda mais modificações, algumas bem radicais.
Existem coisas horríveis na nossa cultura, coisas que ferem profundamente as outras, tantas coisas boas, generosas, da nossa vida.
É inconcebível, por exemplo, que hoje ainda atribuamos às mulheres idosas as causas dos problemas sociais e as matemos; é inconcebível que mutilemos as nossas jovens com a justificação absurda de que esses são os nossos costumes, de que essas são as nossas crenças (é criminoso os nossos governos calarem-se sobre isso); é inconcebível que nós, mulheres, tenhamos de ser meras peças de reprodução nos lares poligâmicos; é inconcebível que, como acontece no sul do nosso país, o chamado lobolo, que devia ser um elo de ligação das famílias e dos casais, se tenha transformado tão despudoradamente numa maneira de acumular riqueza, riqueza que, claro, é sempre gerida pelos homens; é ainda inconcebível que tantas crianças tenham de começar a trabalhar tão cedo, impedidas de irem às escolas, vê tu quantas meninas não andam o dia inteiro com irmãos mais jovens nas costas por esse país fora.
Temos de saber discutir tudo isso, sem medo, de frente. Discutir e mudar.
Uma cultura só é nobre quando permite que discutamos e eliminemos os seus aspectos negativos, não achas?
Um abraço a partir daqui, do nosso Zambeze.
Sónia Ribeiro
Que bom, parece que vocês estão online...Faz tempo que não nos falamos.
Olha, Félix, acabei mesmo agora de ler a tua intervenção.
Vou escrever rapidamente algumas linhas a propósito .
Devo dizer-te que estou de acordo contigo em várias coisas, como tu defendo que existe uma maneira africana de ver as coisas.
Claro que essa maneira tem evoluído, tem sofrido transformações, como tudo, afinal, na vida.
Todavia eu sinto que a nossa cultura africana, que é especialmente uma cultura masculina, androcêntrica, precisa de sofrer ainda mais modificações, algumas bem radicais.
Existem coisas horríveis na nossa cultura, coisas que ferem profundamente as outras, tantas coisas boas, generosas, da nossa vida.
É inconcebível, por exemplo, que hoje ainda atribuamos às mulheres idosas as causas dos problemas sociais e as matemos; é inconcebível que mutilemos as nossas jovens com a justificação absurda de que esses são os nossos costumes, de que essas são as nossas crenças (é criminoso os nossos governos calarem-se sobre isso); é inconcebível que nós, mulheres, tenhamos de ser meras peças de reprodução nos lares poligâmicos; é inconcebível que, como acontece no sul do nosso país, o chamado lobolo, que devia ser um elo de ligação das famílias e dos casais, se tenha transformado tão despudoradamente numa maneira de acumular riqueza, riqueza que, claro, é sempre gerida pelos homens; é ainda inconcebível que tantas crianças tenham de começar a trabalhar tão cedo, impedidas de irem às escolas, vê tu quantas meninas não andam o dia inteiro com irmãos mais jovens nas costas por esse país fora.
Temos de saber discutir tudo isso, sem medo, de frente. Discutir e mudar.
Uma cultura só é nobre quando permite que discutamos e eliminemos os seus aspectos negativos, não achas?
Um abraço a partir daqui, do nosso Zambeze.
Sónia Ribeiro
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posted by Carlos Serra at 7/06/2006 01:59:00 da tarde
2 Comments:
Olá a todos!
Em primeiro lugar, parabéns pelo debate, pela conversa instrutiva, inteligente e respeitosa de vocês.
É sempre com grande prazer e genuíno interesse que acompanho as discussões que vocês levantam.
Mas gostaria de pedir-lhes algo precioso: por favor, não deixem so debate amornar. Tragam-nos mais temas, mais polêmicas, mais questões mal-resolvidas, pouco discutidas, temidas ou não, mas necessárias.
Não fujam à contribuição que podem dar aos que aqui chegam e lêem suas palavras, participando ou não do debate, mas que, certamente, sempre levam algo bom daqui ao partir.
Abraços a todos, especialmente à Sônia.
Resaly.
Muito obrigado, amiga Resaly. Mas sabe, ca por mim dias ha que chego a casa rebentada com tantos pontos a corrigir. Prometo contudo tudo fazer para aqui estar com mais assuidade.
Beijo.
Sonia
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