Nós, mulheres, as invisíveis
Quase como um selo da natureza, vós outros, homens, têm e terão esse permanente desejo: ver-nos dentro de casa, enquanto vocês passam o dia fora dela.
Por que razão existe em Maputo, por exemplo, uma sexta-feira dos homens, um dia no qual vocês passam a vida nas barracas e com as amantes?
Por que razão nós, mulheres, não podemos gerir, também, como vós, o exterior?
Olha, Gorane, não é porque estamos fora de casa que o afecto some ou as crianças sofrem: é porque entre homem e mulher deixa de haver afecto, é porque vocês estão cada vez mais fora, nas barracas, com as vossas outras mulheres, formais e informais, é porque vocês não nos ajudam, entendes?
Quereis a comida pronta, a cama feita, a casa limpa, todos os dias, sem falhas. E vocês o que fazem, salvo passear nos vossos four-by-four, dançar nas boîtes e dormir com as mulheres que entendeis?
Custa-vos tanto assim estar com as crianças? Custa-vos fazer a cama, preparar as refeições, limpar a casa?
Ou pensais que apenas vos compete encher-nos com espermatozóides e filhos?
Vocês, homens, nos fizeram um dia segundo o vosso escopro e martelo. Chegou altura de nós vos inventarmos não como fizésteis connosco, mas de acordo com regras equânimes de igualdade, reciprocidade, afecto, respeito e dignidade.
Um abraço do tamanho do Zambeze para todos vós!
Sónia Ribeiro
4 Comments:
Você é uma mulher feliz?
Porquê há-de estar o Sr. Gorane errado?
Jonas
O que é ser feliz? Você é um homem feliz?
Talvez o livro de Gary S. Becker, 1976, A Theory of the Allocation of Time, no capitulo THEORY OF MARIAGE , ajude a esclarecer esta questao.
Becker foi laureado em 1992 com o premio Nobel pelos seus ttrabalhos na THE SPHERE OF ECONOMIC ANALYSIS TO NEW AREAS OF HUMAN BEHAVIOR AND RELATIONS.
Saudaçoes cordiais
Iolanda Aguiar
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