06 junho 2006

Fontes coloniais portuguesas

O Senhor baseia-se certamente nas fontes coloniais portuguesas para afirmar, categoricamente, que nós próprios nos escravizámos. Por acaso ouviu os nossos velhos, aqueles que, por séculos e séculos, têm guardado a memória do sofrimento do nosso Povo?
Melhores cumprimentos.

Félix Gorane

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Esses "velhos seculares" ainda estao vivos?
Sempre ouvi dizer que qem conta um conto acrescenta um ponto. Em que fontes confiar?
nada mais que uma curiosidade

quinta-feira, junho 08, 2006 11:18:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Antes de nos impingir os seus dados de escravatura poderia ter a gentileza de defenir o que entende por escravatura? Um escravo deixa de ser escravo qdo goza de alguns privilegios?

Na minha douta ignorancia, que so sei que nada sei, os primordios da escravatura em Africa foram entre o Egipto o Sudao e a Somalia, estes tres paises nao se situam em Africa?

sexta-feira, junho 09, 2006 7:57:00 da tarde  
Blogger Carlos Serra said...

Obrigado pela sua contribuição, Gabriel Muthisse. Vamos então esperar pela continuidade do debate. Apareça sempre!

Geraldo dos Santos

sexta-feira, junho 09, 2006 10:47:00 da tarde  
Blogger Carlos Serra said...

Bem, teremos mesmo todos de cogitar! Vamos avançar!

Geraldo dos Santos

sexta-feira, junho 09, 2006 10:48:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O facto de haver uma acçao punitiva é justamente a confirmaçao da existencia de escravocratas na região do actual Maputo. A acçao da puniçao tem que recair sobre um facto, neste caso estou em querer que o facto é, justamente, o comercio de escravos no interior da Africa negra.

segunda-feira, junho 12, 2006 12:22:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A ideia de « Africa » foi construida pelos Europeus. A africa tem uma longa hitoria (berço da humanidade) mas ela sempre foi vista segundo o angulo eurocentrico em tres periodos : precoloniale em milenios de estabilidade, coloniale e post colonial ).
Estou de acordo consigo, no tocante as temporalidades em funçao das Africas e nao da entidade Africa , assim deveria ter-me referido ao antigo Egito, antigo Sudao...
A pré historia é subsaharian , mas a Africa do norte de Marrocos ao Egipto esteve ligada ao Mediterraneo (Vandalos, Arabe, turcos, Ottomanos).
De toda a maneira estes periodos sao construçoes intelectuais, da mesma maneira que a construçoa geografica de Africa. Entretanto, esta classificaçao se assim se pode dizer deixa traços implicitos, mesmos nos chamados africanistas e historiadores africanos : Africa Branca a Africa negra , Africa do Oeste e Africa austral, Africa central e Africa de leste..., que nao mais faz que retomar o ponto de vista de analise das entidades coloniais, sem nunca os meter em questao. E por isto que eu penso que é preciso clarificarmos sobre o que estamos falando, dai a minha insistencia sobre sua definiçao de escravatura para que eu possa tentar compreender o que diz. Chamo sua atençao que em outros espaços africanos as mulheres escravas eram dadas ao homem branco como reperodutoras e qdo deles tivessem filhos estes eram alforriados...
Certo os Europeus descobrem a Africa , mas os Africanos descobresm os “estrangeiros” e é esta parte da historia que falta. Os africanos assimilaram ideias exteriores e contribuiram com as suas trocas internas (sal, escravos, couro, ...) a remodelar a paisagem, as crenças , o sisteme politico e social. Acresce ao facto que nao se trata de uma Africa mas de mtas Africas... Mas é ponto assente que os africanos tem dificuldades em admitir uma parte de seus actos ( permita-me fazer o salto brutal para a historia actual – escravatura moderna – crianças sao traficadas em varias partes de Africa – a culpa nao é dos africanos, é do sistema , é das vulnerabilades sociais e institucionais, etc etc) Certo, os africanos remetam em questao o paradigma de analise Europeu. Mas isto reenvia a historia classica a um vasto problema epistemologico: Como escrever a historia do outro? E talvez esteja ai, sublinho talvez, a chave para o problema.
Com as minhas intervençoes, naives e simplistas apenas queria chamar a atençao para o debate em torno da escravatura no interior de Africa: houve ou nao? Existem varias correntes. Ha os que consideram a o trafico (interior de Africa) o trafico negreiro transatlantico e o trafico transsahariano; Outros falam do trafico do oceano indico (condiçoes pelas quais as sociedades indo –oceanicas se formaram (Reuniao, mauricia, Comores seicheles) e do trafico negreiro trans atlantico. Todos estao de acordo no tocante ao trafego negreiro transatlantico, pela sua tripla especificidade: 1) duraçao mais ou menos 4 seculos, 2)o traço caracteristico de suas vitimas : negros africanos -crianças, mulheres, hommes) sua legitimaçao intelectual: a contruçao ideologica anti-negra, sua organizaçao juridica, o codigo negro (1685).

O livro de Olivier Pétré-Grenouilleau chez Gallimard, en octobre 2004, Les Traites négrières. Essai d'histoire globale
Trornou-se rapidamente polemico, pois é um livro que nao se interessa somente ao comercio triangular , mas interessa-se tambem no continente Africano . O autor desenvolve um angulo global relacionando a historia da escravatura com outros dominios da pesquisia historica – historia das ideias, dos comportamentos, da industrializaçao...O seu método comparativo tenta descobrir como é que logicas tao diferentes como as caracteristicas d’ Africa negra, do mundo muçulmano, e do ocidente, se poderam conectar para dar nascimento ao trafico negreiro.

So queria assinalar que no Benin consideram os tres tipos de escravatura, mas a escravatura no interior de Africa nao é ensinada nas escolas, segundo entrevista dada, recentemente, por um professor Beninensse à RFI, infelizmente nao fixei o nome.

segunda-feira, junho 12, 2006 7:57:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

De uma maneira geral estou de acordo consigo, pois o facto de ter havido ou nao escravatura no interior do continenete africano e o facto de existir novas formas de escravatura infantil, nao exonera o acto barbaro que foi o trafico negreiro – uma perfeita empresa de desumanizaçao, contraria ao fundamento da declaraçao universal dos direitos do homem. Consequentemente, é dever da humanidade, institucionalisar a memoria, impedir o esquecimento, duma tragedia durante mto tempo escondiada e escamuteada, por conseguinte mal conhecida. Assim sendo, seria desejavel promover e vulgarizar a historia do trafico negreiro e da escravatura, para isto evidentemente é necessario que um trabalho cientifico o mais rigorosos possivel venha clarificar a verdade historica deste drama. Assim, é minha convicçao que este episodio sem precedentes da historia da humanidade, cujas consequencias deixaram marcas bem patentes na geografia economica mundial, como bem referiu, deveria ser ensinado nos manuais escolares em todo o mundo.
Com franqueza, penso que nao temos nada que nos envergonhar do papel que alguns africanos possam ter tido, nessa transaçao, pois para mim é simplesmente um facto historico, por conseguinte nao tenho que fazer juizos de valor.
Pois tentando seguir as interaçoes culturais emanadas do trafico negreiro, que conduziram homens, mulheres e crianças Africanas a milhas de distancia da sua terra natal, podemos celebrar o reencontro da Africa com a America numa multitude de aspectos, inclusive na produçao de identitades culturais. Conhecer e reconhecer as “impressoes digitais” passo a expressao, das culturas africanas na produçao de outros espaços identarios, neste momento é mais gratificante para mim – o estabelecimento do dialogo intercultural – atençao, o que nao invalida e nem legitima o lado barbaro e irreprodutivel do trafico negreiro transatlantico.

A sua chamada de atençao para as muliplas formas de escravatura infantil é pertinente.Estou de acordo consigo que possa ser, em parte, uma estratégia dos Europeus para desestabilizar as reivindicaçoes que vem sido feitas para o reconhecimento deste “holocausto escravocrata”, entretanto lamentavelmente, sublinho lamentavelmente, existe trafico de crianças sim, às questoes que levanta penso que encontra respostas no blog do Professor Carlos Serra – DIARIO DE UM SOCIOLOGO –numeros, circuitos, quem transaciona quem, etc.
A Europa e suas historias bourlescas de corrupçao, aos europeus de as resolverem e de preferencia sem contarem com mais escravos africanos e nem pilhagens no Solo Sagrado Africano.
Qto a nos africanos, penso que, admitirmos nossas culpabilidades, discuti-las (como estando fazendo), pensarmos Africa do interior para o exterior é jà o germinar de uma nova estrutura social, cuja semente foi lançada com a conquista das nossas independencias, simplemente como disse Kwame Nkrumah é “necessario um exercito tao resoluto, como o que conduziu à luta pela liberdade”.
Assim sendo, cà estamos, blogando, trocando ideias... lavrando a terra, plantando, plantando ideias e acçao, umas vingam outras nao, mas o essencial mesmo é nao baixar os braços.

Foi um prazer enorme trocar ideias consigo,

Um abraço Afro- Optimista.

segunda-feira, junho 12, 2006 9:37:00 da tarde  

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