O que é democracia?
Olá a todos!Olhem, eu faço aqui por agora apenas uma pequena intromissão.
Sou por natureza adversa a coisas muitas generalizadas, eventualmente porque sou professora de biologia e aqui ou somos precisos ou afundamo-nos.
Quer o Geraldo quer o Félix embarcaram logo num barco cujo destino julgam conhecer mas que, se conhecem, não nos dizem qual é.
Digam-me lá uma coisa: o que é democracia?
Depois, digam lá: o que é "democracia europeia" e o que é "democracia africana"? Estou certa de que o Geraldo e o Félix navegam nesses barcos de forma directa ou subentendida.
Um grande beijinho daqui do Zambeze.
Sónia Ribeiro
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posted by Carlos Serra at 1/04/2008 12:04:00 da manhã
7 Comments:
Se me permitem a intromissao, gostaria de deixar aqui uma modesta contribuicao para este debate com alguns extractos de um texto meu publicado em 1993:
" (...) Tentando responder a essa pergunta, verificamos que praticamente todas as formacoes sociais da Angola pre-colonial, denotando uma civilidade bem sedimentada, possuiam nas suas estruturas para-estatais ou estatais, organismos integrativos sociais e politicos (dos quais o Concelho de Anciaos se apresenta como a instituicao mais marcante), que conferiam aos seus membros uma grande mobilidade social e uma relativa equidade de estatuto, fazendo com que, mesmo la’ onde aparentemente se tratava de um Estado autocratico, o que existia era um espaco de legitimacao dos direitos colectivos de todas as linhagens, que investiam no Chefe uma autoridade que apenas o constituia num “primus inter pares”.
(...)
Com efeito, as relacoes sociais na Africa tradicional, sao profundamente dominadas pelo parentesco e pelo sagrado, como estruturas abrangentes das esferas politica, produtiva e ideologica. Essa realidade esteve na base da dificuldade de implantacao, no tecido social angolano, do chamado projecto de construcao socialista, ja’ que as nocoes marxistas classicas de infra e superestrutura, bem como o determinismo economico que as relaciona no ambito da teoria marxista, eram incompativeis com o caracter plurifuncional das instituicoes que estruturam as relacoes sociais tipicamente africanas.
(...)
Com o advento da independencia, a omnipresenca do Partido unico fez com que se confundisse a esfera de actuacao da sociedade civil com as estruturas politico-partidarias, denominadas “organizacoes de massas e sociais”, enquanto o Plano central, agindo como substituto da iniciativa dos trabalhadores, mostrou-se economicamente inviavel e causador de graves distorcoes sociais. Isto porque uma sociedade que nao canalizava, nem utilizava, as aptidoes, a habilidade e a criatividade dos individuos, ou que o fazia ‘a revelia’ desses mesmos individuos, acabou por criar os instrumentos para o seu proprio bloqueio economico e civilizacional.
(...)"
O texto integral pode ser lido aqui
Muito obrigada pela atencao.
Eu compreendo a insatisfacao da Sonia. No entanto, acho que a abordagem inicial e' perfeita, em termos de "aperitivo" (as origens da democracia europeia/grega e o que poderia ser considerada "democracia africana")!Penso que somos unanimes em considerar que a implantacao do "modelo importado" de democracia, e' um processo irreversivel!Dai que, as fases seguintes do debate se tenham que incidir (em minha opiniao) na situacao concreta do processo democratico mocambicano! E' um campo vasto mas, podia-se abordar, por exemplo, como impedir que "democracia" continue a resumir-se apenas a participacao da populacao nos pleitos eleitorais!
P.S- E' curioso, como outros blogues decidiram "a reboque" pretender abordar este tema!!
Olá, Koluki, Gostei imenso do que escreveu e nos deu a conhecer. Vamos ter isso em conta.
Beijinho.
Sónia
Olá, Jonathan. Boas questões colocou. Vamos a ver o debate. Quanto ao P.S., bem, isso já se tornou habitual...
Abração.
Sónia
Obrigada Sonia.
Outro beijinho.
"A África é o segundo continente mais populoso da Terra (atrás da Ásia) e o terceiro continente mais extenso (atrás da Ásia e das Américas)."
"investiam no Chefe uma autoridade que apenas o constituía num “primus inter pares”.
Não ponho em questão, de modo algum, ter existido uma sociedade organizada como a descrita nos territórios que hoje constituem Angola, quiçá estados vizinhos.
Já questiono a apropriação de uma realidade local, e coopta-la transversalmente para toda a África.
É que África é imensa.
Tem muitos e diversos povos.
Muitas dificuldades de comunicação.
Seria essa idílica forma de viver o máximo denominador comum em África, antes de ser conspurcada por influências externas?
Esta questão não é para si D. Koluki.
A Sra. referiu algo, num determinado contexto geográfico.
O império da ex-URSS também foi vendido, e muito bem vendido, como o paraíso na terra.
De tal modo que muitos cristãos o deixaram de ser, porque tendo o "Paraíso" cá em baixo, para quê esperar pelo hipotético lá de cima?
Depois viu-se o paraíso, também idílico, que "aquilo" era.
Era, ainda bem. Era.
Já não é.
oi
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